Seis anos, Teresa

Vieste ao mundo 21 dias antes do que te esperávamos. Calmamente, sem grande estardalhaço, nasceste num dia bonito e fresquinho. Como tu.

Aprendeste a ler sozinha, encaixas entre o turbilhão e a tempestade.

Nos teus olhos enormes cabem todos os pormenores, aqueles em que te perdes quando caminhamos pelo campo e te fazem ficar para trás. Não te importas, porque não estás atrás, estás a ver, a sentir e a sonhar como eu me lembro de estar em criança. Perdida na imaginação, assim és tu também.

És irresistível e doce. Terrível na teimosia, mesmo assim ternurenta. Firme nas ideias.

Surpresa boa, ainda bem que vieste antes do tempo, não podia esperar mais.

O David e a desigualdade

Tinha já tudo pensado, com os seus muito vividos quatro anos com duas irmãs mais velha: as formigas subiam, faziam um buraco, com uma palhinha punham nas maminhas o leite que viria a dar aos seus filhos.

David, cortei destrutiva, os rapazes, os pais, não dão leite pelas maminhas aos filhos.

-“Não?!” Admirou-se.

-“Não.” Insisti.

Tristíssimo, de lágrimas nos olhos virou-me as costas. Não era mais meu amigo.